As relações e interacções da criança com a sua família têm um papel determinante na construção dessa criança e constituim-se como um importante campo de estudo para a Psicologia.
A par da família, também a escola ganhou um espaço fundamental na formação integral de cada ser humano, de tal forma que originou o aparecimento de várias teorias que se ocuparam do estudo do contexto relacional e se desenvolveram a partir da Teoria Geral dos Sistemas.
O Sistema Educativo com a sua estrutura hierárquica (a turma, a escola, a equipa, o clube, …) e a interdependência dos vários componentes, com maior ou menor permeabilidade das fronteiras entre os vários subsistemas, vem desempenhar um papel muito importante, o qual pode ser reforçado nas famílias onde não existe uma organização consistente.
A turma, a escola, são sistemas abertos, que se auto organizam e que promovem a autonomia e a diferenciação dos vários elementos que a compõem. Ao longo deste processo vão interagindo com o meio recebendo informação, transformando-a e devolvendo-a num processo de retroacção negativa (porque mantêm a estrutura) ou de retroacção positiva (porque promovem uma alteração da estrutura), a qual muda para se adaptar às condições do meio.
É neste quadro, por vezes ancorado na falta de existência de uma estrutura familiar consistente, que ocorre uma desagregação do sistema, originando o desenvolvimento de identidades difusas. Estas identidades podem estar associadas à expressão de ideias de forma impulsiva que, por sua vez, poderá levar a situações de conflito.
Esta é a principal razão porque o professor não pode funcionar ao nível dos alunos, não pode ser um “amigo” nem pode comportar-se como um colega pois tem que gerir as várias relações interpessoais que se vão desenvolvendo. No caso concreto da situação de conflito o professor não pode utilizar as mesmas estratégias que o aluno – o ataque, o insulto, a agressão, sob pena de se confundirem os papéis e, o do professor, acabar por ficar diluído, tal como a sua colocação na hierarquia.
À semelhança de qualquer outro sistema também a escola, e os diferentes grupos que lá ocorrem, estão em constante mudança. Por essa razão, qualquer problema tem uma dimensão temporal baseada na inter-relação do passado, do presente e para o futuro.
Um outro aspecto importante na gestão do conflito é a abertura de um canal de comunicação que funcione nos dois sentidos, isto é, deve ocorrer um diálogo que permita perceber as diferenças, de modo a ultrapassar o que afasta as pessoas e a potenciar o que as aproxima, tentando compreender o outro independentemente de concordar ou discordar dele.
No caso concreto da educação física, a minha área disciplinar por formação, vocação e paixão, a prestação motora implica a exposição constante do corpo e das suas potencialidades em sintonia com um trabalho cognitivo que pode realçar capacidades ou inabilidades. Nesta disciplina as diferenças de género conduzem, muitas vezes, a situações de conflito que deverão ser geridas caso a caso para resolver a conflitualidade mal ela surja.
As diferenças entre meninas e meninos, resultantes de características morfo-fisiológicas distintas e muitas vezes acentuadas por determinadas tradições sócio-culturais (as meninas não jogam à bola e, por isso, não desenvolvem integralmente a sua coordenação, como a maioria dos rapazes), originam muitas vezes situações de conflito na aula de educação física, que implica a correcta formação do professor para actuar.
Não é possível nem correcto pensar que ao professor ou à própria direcção da escola cabe evitar o conflito, seja ele qual for, como se de um ambiente “asséptico” se tratasse. Pelo contrário, a atitude perante o conflito deverá seguir no sentido de o resolver usando as ferramentas que estão ao dispor, de forma a preparar o aluno para a resolução dos vários conflitos com ao quais, inevitavelmente, se vai deparar ao longo da sua vida escolar, profissional, de lazer, etc.
Não só pela minha formação (licenciatura em educação física e praticante desportiva) mas também pelo facto de dedicar alguma atenção à temática do conflito na escola, entendi esta unidade curricular como a forma de sistematizar e fundamentar algumas das ideias que já defendia.
As temáticas abordadas levaram-me a procurar mais informação e a desenvolver alguns assuntos, culminando no trabalho que desenvolvi com os alunos da minha direcção de turma sobre o bullying.
Fiquei muito satisfeita, tanto com os conhecimentos adquiridos como com o meu posicionamento perante os mesmos.
Alguns colegas, à semelhança de outros alunos deste mestrado de anos anteriores, optaram por construir o seu blog como se de um diário se tratasse, mas esse não foi o meu caso.
Embora sem ideias definitivas sobre qual o melhor “formato”, optei por fazer uma reflexão por temas, de modo a facilitar uma posterior consulta, sempre necessária ao desenvolvimento da minha actividade profissional.
Aproveitei a página inicial para introduzir uma série de reflexões, umas pessoais outras alheias, na forma de curtas mensagens, principalmente sobre o tema que mais me interessou e continuará a interessar – o conflito em ambiente escolar e toda a problemática subjacente à sua mediação. Será certamente a temática que me vai permitir cumprir o que coloquei no dia em que iniciei este portefólio
Em construção …
SEMPRE!